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Por Patrícia Ramos

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Dançar por ai,

deixando cair pelo chão tão imenso

os entulhos de coisas mal resolvidas,

que vem coladas em mim

como limo nas velhas fachadas das casas mal

assombradas.

Para só assim, sobre o cascalho que sobrou

da casca mal caiada das minhas costas

sobrecarregadas, poder renascer em meio aos

restos das coisas desconstruídas,

que sobraram daquele antigo farol em ruínas que

iluminava a cidade.

Cansei de querer saber tudo

para mim o silêncio já basta

11

Quieto que eu te quero agora,

no silêncio desta sala.

No esplendor monumental desta casa,

que não é nossa,

mas que, no entanto, tornou-se nosso retorno eterno

aos velhos tempos de casto amor platônico.

Testemunhados pelos quatro cantos deste cômodo

incômodo,

que guardou na sua história

nossos olhos cativos um pelo outro.

12

Amar-te não poderia

por isso te amarro no corredor

entre o sonho e o coração.

Assim tornas-te o eterno acendedor de chamas

que aparece enquanto durmo

para eu tocar-te na brevidade das noites de solidão

cheias de ti.

2006

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